9 de julho de 2014

[RESENHA] Iluminadas - Lauren Beukes

Título Original: The Shining Girls 
Editora: Intrínseca
Páginas: 320
Gênero: Suspense 
Ano: 2014
ISBN: 978-85-8057-503-3
Minha Nota: EstrelasEstrelasEstrelasEstrelasEstrelas
Onde Comprar: SUBMARINO | SARAIVA | CULTURA
 

Iluminadas chamou a minha atenção logo de cara pela capa e pelo título, e quando li a sinopse tive certeza de que seria uma leitura muito boa e diferente, mas... minhas expectativas não foram nem de longe alcançadas. Vem comigo que eu explico.


Harper Curtis é um andarilho na Chicago de 1931 que, durante uma fuga da polícia, tem sua vida completamente transformada por forças que ninguém poderia explicar: ele é misteriosamente guiado até uma casa abandonada que, a princípio, parece um lugar comum, mas que esconde um segredo inacreditável. Ao adentrá-la, Harper se depara com um ambiente todo mobiliado e muito bem decorado, convidativo, como se a Casa aguardasse sua chegada. E toda vez em que abre a porta, é levado para uma época completamente diferente - a Casa é um portal que viaja no tempo. Aos poucos ele se dá conta de que a Casa tem vontades próprias e que ele deverá cumpri-las e, mais do que isso, de que ele está sendo controlado por ela.


O protagonista é, então, transformado em um poderosíssimo serial killer conduzido pela Casa, com a missão de matar as garotas iluminadas, que estão espalhadas entre os anos de 1931 e 1993. Para tanto, ele normalmente faz uma visita a cada uma de suas vítimas quando ainda são crianças, dando-lhes objetos estranhos (que ele encontra dentro do próprio portal) e dizendo-lhes que ele logo voltará. Depois de alguns anos, quando as meninas já são jovens adultas, ele de fato volta e as mata brutalmente, em um ritual horrível e cruel que o enche de prazer, fazendo com que muitas vezes se masturbe ao se lembrar do assassinato.


Mas Harper começa a perder o controle de suas ações brincando de passear pelo século XX e tomando decisões imprudentes. Esse pecado acaba lhe custando muito caro, pois Kirby Mazrachi, uma de suas garotas, sobreviveu, por muito pouco, ao ataque brutal e alguns anos depois está decidida a fazer com que o homem que tentou matá-la pague por esse crime. A moça contará com a ajuda do ex-repórter policial Dan Velasquez (com quem rola um romance meio desnecessário, já que é muito pouco explorado), que cobrira seu caso. Kirby faz uma busca profunda e encontra evidências em que ninguém poderia acreditar, tendo, por isso, muita dificuldade em associar as pistas decifradas, já que elas são muito desconexas umas das outras, pelo fato de Harper ter o tempo a seu favor. Passado, presente e futuro se misturam de uma maneira inexplicável e somente no final do livro algumas perguntas são respondidas.


Achei interessante o fato de a personalidade do serial killer ser bastante explorada ao longo do livro. Os capítulos são iniciados com a data em que serão narrados e com o nome do personagem cuja visão será analisada. São divididos entre Harper, que aparece na maior parte dos capítulos, suas vítimas, Kirby, Dan e um viciado que observa os passos do assassino e que será de grande importância para o desfecho. Desse modo, explora-se bastante a atmosfera psicológica do protagonista, através do discurso indireto livre (narrador-observador onisciente).


O enredo tem tudo para dar um grande livro, certo? Certo. Mas, ao meu ver, a autora cometeu falhas incontáveis e irreparáveis. Para começar, eu simplesmente não conseguia pegar o ritmo da leitura, o que foi acontecer somente pouco depois da metade do livro (demorei mais de um mês para finalizar as 300 páginas). Também não gostei da narrativa da Lauren Beukes; não sei identificar o quê, mas alguma coisa estava me incomodando muito. Além disso, as outras vítimas do Harper são muito pouco exploradas, conhecemos pouquíssimo de suas histórias e logo em seguida elas já são assassinadas. E o que mais contribuiu para a minha decepção é o fato de que algumas coisas são muito confusas e pouco ou nada esclarecidas; várias pontas ficaram sem amarras.


Só comecei a gostar do livro quando chegou na páginas 250, mais ou menos; o final, vale dizer, é realmente muito bom e até me surpreendeu, mas mesmo assim não sei se compensa as demais páginas e a falta de habilidade da autora no decorrer da obra. Eu recomendo a leitura sim, pois acho que outras pessoas podem ter uma visão completamente diferente da minha, e pode até ser que eu tenha sido muito influenciada pela grande dificuldade em adentrar no ritmo do livro. Por isso, recomendo que leiam a resenha feita no blog Biblioteca do Terror, pois a visão ali tratada é o oposto da minha; discordo totalmente da opinião do resenhista! hehe


Sobre a autora: Lauren Beukes nasceu na África do Sul e é autora de romances e graphic novels premiados. Atua também como roteirista de televisão, documentarista e, ocasionalmente, jornalista. Iluminadas é seu quarto livro.


 

 

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E vocês, já leram Iluminadas?? Me contem o que acharam! Se concordam ou discordam de mim.


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Beijos com carinho! 


 

1 de julho de 2014

Quem é você, Alasca? - John Green

Nome Original: Looking for Alaska
Editora: Martins Fontes
Páginas: 226
Gênero: Romance / Young Adult
Ano: 2010
ISBN: 978-857827-342-2
Minha Nota: EstrelasEstrelasEstrelasEstrelasEstrelas
Onde Comprar: SUBMARINO | SARAIVA | CULTURA
 

Quem é você, Alasca? foi o primeiro romance escrito pelo autor John Green e, como todos os seus outros livros, trata-se de um YA muito bonitinho que tem como personagem principal um garoto nerd, anti-social, cheio de dificuldades psicológicas e obsessivo por alguma coisa (salvo A Culpa é das Estrelas). Nesse enredo conhecemos Miles Halter, um adolescente que não tem amigos e que é obcecado por últimas palavras, ou seja, pelas últimas coisas que as pessoas dizem antes de morrer, e por isso, adora ler biografias. Miles decide mudar-se para um colégio interno no Alabama, onde seu pai havia estudado, em busca do que o poeta François Rabelais chamou, em seu leito de morte, de  "O Grande Talvez".




"O que significa ser uma pessoa? Qual é a melhor maneira de ser uma pessoa? Como passamos a existir e o que será de nós quando deixarmos de existir? Em suma: quais são as regras deste jogo e qual é a melhor maneira de jogá-lo?"



É em "Culver Creek" que ele, pela primeira vez, fará amigos: Chip Martin, seu colega de quarto mais conhecido por Coronel e Alasca Young, uma garota excêntrica por quem Miles se apaixona imediatamente. Nessa nova fase de sua vida, Miles ganha o apelido de Gordo (ironicamente, por ser muito magro), e é apresentado a um mundo de bebidas, cigarros, sexo e regras quebradas, passando a fazer coisas que nunca antes tinha imaginado que pudesse ser capaz de fazer. Pela primeira vez, ele se sente vivo, se sente diferente e invencível.




"Se as pessoas fossem chuva, eu era garoa e ela, um furacão"



Alasca, apesar de fazer questão de dizer que ama o namorado, vai construindo com o Gordo uma relação bastante forte e, digamos, provocante, o que deixa o garoto cada vez mais confuso e irritado. Ela é uma garota de extremos, misteriosa e imprevisível. Chega a ser bastante (bastante mesmo) irritante por se mostrar egocêntrica demais, ora extremamente alegre e atrevida, ora solitária e mal-humorada (e essas variações são muito recorrentes, não é aquela coisa de simplesmente ter dias bons e dias ruins, é o tempo todo!). Ela conta para Miles que também tem últimas palavras preferidas: "Como sairei deste labirinto?" de Simon Bolívar.




" Passamos a vida inteira no labirinto, perdidos, pensando em como um dia conseguiremos escapar e em quanto será legal. Imaginar esse futuro é o que nos impulsiona para a frente, mas nunca fazemos nada. Simplesmente usamos o futuro para escapar do presente."



Não à toa, o livro é dividido em duas partes de contagens regressivas/progressivas: uma antes do "grande acontecimento" e outra depois do "grande acontecimento". E é esse fato que mudará para sempre a vida de Miles e sua forma de encarar o mundo. E o que a princípio pode parecer mais um grande clichê da vida é genialmente desmembrado pelo incrível John Green. Como sempre, os livros do autor mesmo que direcionados para um público mais jovens, surpreendem a cada página. John tem uma habilidade inegável de prender o leitor, através de uma narrativa cativante e muito verdadeira. Não há aqui qualquer tipo de apelação. O autor sabe do que está falando, e a partir disso constrói personagens bastante reais e cheios de detalhes psicológicos muito importantes para o bom desenvolvimento da trama.


John Green é com certeza um dos meus escritores preferidos por toda sua capacidade de construir narrativas reais, poéticas e deliciosas, mas principalmente, por sempre me fazer acabar com meus post-it com tantas passagens lindíssimas! Têm passagens que são de tirar o fôlego no início da página 177 e nas páginas 224, 225 2 226 (trabalho final do Miles) que eu não vou colocar aqui porque contêm muitos spoilers, mas elas são UAU!


Leitura recomendadíssima! Edição muito bem feita pela Editora Martins Fontes (apesar de eu não gostar de algumas variações do papel Pólen-Soft por ser muito poroso) e capa uma gracinha, mas não a minha preferida (vide Batalha de Capas).


Sobre o autor: “John Green,premiado best-seller do The New York Times, é formado em língua inglesa e estudos religiosos pelo Kenyon College, em Ohio. Nasceu em 1977 em Indiana, onde vive com a mulher e o filho, e ao longo dos anos morou em Nova York, Illinois, Michigan, Flórida e Alabama. Atuou como redator na National Public Radio em Chicaco, foi editor assistente e de produção da revista de resenhas literárias Booklist e assinou críticas de livros para o The New York Times. Personalidade ativa na internet, além do próprio blog, do Twitter e do canal do YouTube Vlogbrothers, John coapresenta os vídeos do projeto “Crash Courses”: canal on-line com aulas gratuitas de história e biologia. Ele autografou todos os 150 mil exemplares da primeira tiragem de A culpa é das estrelas nos Estados Unidos.”


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Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de comentar a opinião de vocês!


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Beijos com carinho!