8 de agosto de 2014

[Resenha] A Brincadeira - Milan Kundera

 Título Oiriginal: La Plaisanterie
Editora: Selo Companhia de Bolso
Páginas: 350
Gênero: Romance
Ano: 2012 (primeira publicação: 1967)
ISBN: 978.85.35.92117.5
Minha Nota: EstrelasEstrelasEstrelasEstrelasEstrelas
Onde Comprar: SUBMARINO | SARAIVA | CULTURA
 

Ludvik decide voltar à Morávia, sua cidade natal e onde viveu grande parte de sua juventude. Durante esse breve retorno ele vai se redescobrir e, de certa forma, fazer as pazes com o seu passado, com o seu "eu" antigo e com toda a sua história, drasticamente mudada pelo destino quando ele ainda era um estudante universitário. Na realidade, o livro conta a história de vida do protagonista: as reviravoltas de seu destino, atitudes impensadas que o levaram aonde está, suas complexidades, amores, medos e angústias.  A narrativa se dá em primeira pessoa e o livro é dividido em sete partes, em que a narrativa se alterna entre quatro personagens importantes; Ludvik conta a maior parte delas. O recurso de narrativas a partir de pontos de vistas diferentes utilizado por Kundera foi essencial para que houvesse uma compreensão real de Ludvik, o que não seria possível se o livro fosse todo contado pelo próprio personagem.

O protagonista era um jovem estudante engajado na política, afiliado ao Partido Comunista e um tanto excêntrico. Adorava estudar e idolatrava o Partido. Mas seus colegas o consideravam um tanto individualista e irônico; diziam que Ludvik usava, para cada situação, uma máscara diferente. Ele mesmo começa a concordar com tal pensamento. No entanto, tudo caminhava relativamente bem, quando uma simples brincadeira de sua parte foi o suficiente para mudar todo o curso de sua história. Querendo caçoar da namorada Marketa, a qual nunca entendia brincadeiras e piadas, ele lhe escreveu um bilhete que dizia "O otimismo é o ópio do gênero humano! O espírito sadio fede a imbecilidade! Viva Trótski!". Obviamente seus colegas da universidade e do Partido não compreenderam a brincadeira e Ludvik se viu afastado de seu cargo e de seus estudos, acusado de ser um verdadeiro traidor, indo contra toda a ideologia do Partido Comunista; e mais: teve de ficar tempos no exército para onde iam os "traidores" e não entusiastas do Comunismo.

               

E é aí que Ludvik se torna um homem amargo e rancoroso, incapaz de entender que o que ele fez nunca poderia ter sido interpretado como uma simples brincadeira, dada a situação e o contexto. Mas é aí também que ele encontra um amor e vive todas as suas alegrias e tristezas. Todo o enredo do livro nos mostra como a sede por vingar-se daqueles que o expulsaram do Partido foi a responsável por determinar todo o rumo de sua vida e como os fantasmas do passado, se não compreendidos, podem se transformar em verdadeiros obstáculos na vida presente. Desse modo, trata-se de uma leitura bastante reflexiva, com uma análise profunda sobre a nostalgia - principalmente do que não aconteceu - e sobre a relação passado-presente, em que acompanhamos um Ludvik já adulto relembrando os fantasmas de seu passado e tentando um acerto de contas com eles, tentando se compreender, para que finalmente pudesse viver em paz consigo mesmo e com o Universo, aceitar o destino de sua vida e aprender a ser feliz com isso.

A primeira vez em que ouvi falar de Milan Kundera foi no início desse ano, quando meu professor de Teoria da Comunicação nos comunicou de que a avaliação semestral teria como tema o livro A Brincadeira, desse mesmo autor. Eu não sabia bem o que esperar da leitura; nunca havia ouvido falar naqueles nomes e também nunca havia lido nada do Leste Europeu. Bom, eu adoreeeei a leitura! Adorei a narrativa, adorei o enredo, adorei as mensagens reflexivas que o livro passa (pra variar!), adorei as personagens tão bem construídas e tão psicologicamente bem exploradas... Fiz um mooooonte de marcações com post-its, não só de passagens bonitas, mas também de tudo o que tinha a ver com a matéria estudada durante o semestre (e não foi pouca coisa, não!). Essa leitura é, em si só, uma verdadeira bagagem cultural, na medida em que se trata também de uma obra que aborda, em grande parte, a cultura popular tcheca (o que, confesso, pode ser bastante cansativo em alguns pontos). E, não podia deixar de dizer, eu AMO as edições da Companhia de Bolso! Que coisinhas mais lindas e delicadas e muito amor esses livros, gente! Sou simplesmente apaixonada pelo projeto gráfico deles, principalmente, pelo tamanho de bolso ideal.

"Nós vivíamos, Lucie e eu, num mundo devastado; e porque não soubemos nos apiedar dele, dele nos desviamos, agravando assim a sua infelicidade e a nossa. Lucie, tão amada, tão mal-amada, foi isso que você veio me dizer no fim desses anos? Pleitear a compaixão por um mundo devastado?"

Sobre o autor: "Milan Kundera é um dos maiores escritores do pós-guerra. Nascido em Brno, na região da Morávia, antiga Tchecoslováquia (hoje República Tcheca), ele conquistou fama internacional com o romance "A Brincadeira" (1967), que lhe rendeu a proibição de publicar em seu país e a perda da nacionalidade. Seus romances geralmente tratam de escolhas e decepções. Em seus livros é recorrente a crítica ao regime comunista e à ocupação russa de seu país em 1968. Em 1970, o escritor publicou o romance "Risíveis Amores". Refugiou-se em Paris em 1975, onde lecionou a disciplina arte do romance na École des Hautes Études en Sciences Sociales. A partir de 1980, quando se naturalizou francês, passou a se dedicar à tradução para o francês de seus textos anteriores, escritos originalmente em tcheco. Com "A Insustentável Leveza do Ser" (1984, adaptado para o cinema em 1987), tornou-se conhecido mundialmente. Em 1987, recebeu o Prêmio Nacional das Letras da Áustria. Outras obras importantes do autor são "O Livro do Riso e do Esquecimento", "A Valsa do Adeus", "A Imortalidade", "A Lentidão", "A Vida Não É Aqui" e "A Cortina"."


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Beijos com carinho! 


1 de agosto de 2014

[Resenha] A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert - Jöel Dicker

Título Original:  La vérité sur l’affaire Harry Quebert
Editora: Intrínseca
Páginas: 576
Gênero: Mistério
Ano: 2014
ISBN: 9788.5.805.7511.8
Minha Nota: EstrelasEstrelasEstrelasEstrelasEstrelas
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Marcus Goldman está sofrendo da doença dos escritores: após o enorme sucesso de seu primeiro livro, que logo se tornou um best-seller, ele não consegue escrever uma linha sequer. Seu agente e seu editor estão cobrando um novo livro, cujo prazo para a  entrega está se esgotando. Marcus não faz ideia do que escrever e se vê num bloqueio criativo sem fim. Sua vida de famoso, com apartamento chique em Manhattan, Range Rover novinha e festas envolta de celebridades e gente importante está prestes a se acabar, se ele não entregar um livro novo.


Desesperado, ele recorre a um velho e querido amigo, Harry Quebert, um grande escritor, cujo best-seller "As Origens do Mal" foi um dos livros mais vendidos na segunda metade do século passado, e que fora também professor de Marcus na Universidade. Harry o convida para passar uma temporada em sua casa, em Aurora, New Hampshire, uma bela mansão de frente para o mar que poderá ajudá-lo a recuperar a criatividade. Sem sucesso, ele retorna a Nova York e algum tempo depois recebe um telefone de Harry: ele está preso. Foi encontrada uma ossada humana no quintal de Harry e se trata de Nola Kellergan, uma garota de apenas 15 anos com quem Harry confessou ter vivido um romance, trinta anos antes. Juntamente ao corpo de Nola encontrava-se também o original de "As Origens do Mal". Dessa forma, Harry Quebert se tornou o principal suspeito do assassinato da garota.




"Escrever significa que você é capaz de sentir mais intensamente que os outros e em seguida transmitir o que sentiu. Escrever é permitir que seus leitores enxerguem o que às vezes é invisível para eles."



Marcus tem certeza da inocência do amigo e está disposto a qualquer coisa para livrá-lo das acusações. Para tanto, muda-se para Aurora, na casa de Harry e começa a fazer suas próprias investigações, pedindo a ele que lhe contasse toda a história de amor dos dois, entrevistando os moradores da pequena cidade, linkando pistas e percebendo detalhes importantíssimos numa corrida contra o tempo. Ele descobre que Nola era uma garota adorável e querida por todos dali, mas também descobre outras coisas sobre a menina que a transformam ora em vítima, ora em vilã. No entanto, alguém na cidadezinha não está nada  contente com o atrevimento do escritor em tentar descobrir a verdade e começa a ameaçá-lo com bilhetes anônimos. Seja quem for, está se sentindo ameaçado por Marcus, e deve ser a mesma pessoa que assassinou Nola. Com todos os elementos de sua investigação, Marcus decide escrever um livro  "O Caso de Harry Quebert".





“Um golpe de mestre. Uma história de
suspense cheia de ritmo, mudanças
de curso e várias camadas que, como
uma boneca russa, se encaixam
perfeitamente. De forma extraordinária,
Dicker alterna períodos e vozes
(relatórios policiais, entrevistas, excertos
de outros livros) e explora os Estados
Unidos em todos os seus excessos
– midiáticos, literários, religiosos –,
enquanto questiona o que é ser um
escritor.”
L’EXPRESS (FRANÇA)



Os capítulos são divididos de acordo com os conselhos literários que Harry dava a Marcus quando este era seu aluno. São 31 conselhos e, portanto, 30 capítulos + Epílogo, começando pelo número 30 mesmo. Achei essa ideia super interessante! E a edição do livro está impecável!


 A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert é um livro muito bem planejado e desenvolvido; cheio de reviravoltas do começo ao fim, é de deixar qualquer um sem fôlego! Quando pensamos que tudo está se resolvendo outro fato extraordinário acontece e o mistério se faz presente de novo. Com personagens realistas e uma trama extremamente bem intricada, todos os fatos são muito bem amarrados e conectados; não há pontas soltas, de forma que todo o emaranhado de situações se alinhe perfeitamente.


Toda a história nos é contada através de relatórios policiais, trechos de "As Origens do mal", depoimentos dos moradores e suspeitos e, principalmente, pelas gravações que Harry faz a Marcus contando toda a história de amor com Nola. É um livro cheio de detalhes e Jöel Dicker fez um trabalho impressionante ao dar vida a essa obra. Tenho apenas uma ressalva: não gostei da narrativa. Não sei se foi a tradução, mas achei os diálogos muito superficiais e até mesmo infantis em alguns momentos, além de ter achado muito bobinho e infantil o jeito como foram narradas algumas partes da história de amor de Harry e Nola. Em suma, achei a narrativa bem pobrinha; poderia ter uma qualidade literária muuuuuito maior. Esse foi o único motivo pelo qual não favoritei (com muita dor no coração) esse livro, mas eu AMEI a história, li tudo em 3 dias. Leitura superrrr recomendada!


Sobre o autor: "Jöel Dicker nasceu em Genebra, na Suíça, em 1985, filho de pai professor de francês e mãe bibliotecária. Seu primeiro romance, Les derniers jours de nos pères, que também será publicado pela Intrínseca, conta a pouco conhecida história de uma unidade do Serviço de Inteligência Britânico encarregada de treinar a resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial e lhe rendeu, em 2010, o Prêmio dos Escritores de Genebra. A verdade sobre o caso Harry Quebert, seu segundo romance, publicado na França quando Joël tinha apenas vinte e sete anos, tornou-se rapidamente um best-seller mundial, alçando o autor ao posto de fenômeno literário."


* * *


Alguém aí já leu?? O que achou? Não deixe de me contar nos comentários, vou adorar poder conversar sobre essa leitura!


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Beijos com carinho! ♥




 

9 de julho de 2014

[RESENHA] Iluminadas - Lauren Beukes

Título Original: The Shining Girls 
Editora: Intrínseca
Páginas: 320
Gênero: Suspense 
Ano: 2014
ISBN: 978-85-8057-503-3
Minha Nota: EstrelasEstrelasEstrelasEstrelasEstrelas
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Iluminadas chamou a minha atenção logo de cara pela capa e pelo título, e quando li a sinopse tive certeza de que seria uma leitura muito boa e diferente, mas... minhas expectativas não foram nem de longe alcançadas. Vem comigo que eu explico.


Harper Curtis é um andarilho na Chicago de 1931 que, durante uma fuga da polícia, tem sua vida completamente transformada por forças que ninguém poderia explicar: ele é misteriosamente guiado até uma casa abandonada que, a princípio, parece um lugar comum, mas que esconde um segredo inacreditável. Ao adentrá-la, Harper se depara com um ambiente todo mobiliado e muito bem decorado, convidativo, como se a Casa aguardasse sua chegada. E toda vez em que abre a porta, é levado para uma época completamente diferente - a Casa é um portal que viaja no tempo. Aos poucos ele se dá conta de que a Casa tem vontades próprias e que ele deverá cumpri-las e, mais do que isso, de que ele está sendo controlado por ela.


O protagonista é, então, transformado em um poderosíssimo serial killer conduzido pela Casa, com a missão de matar as garotas iluminadas, que estão espalhadas entre os anos de 1931 e 1993. Para tanto, ele normalmente faz uma visita a cada uma de suas vítimas quando ainda são crianças, dando-lhes objetos estranhos (que ele encontra dentro do próprio portal) e dizendo-lhes que ele logo voltará. Depois de alguns anos, quando as meninas já são jovens adultas, ele de fato volta e as mata brutalmente, em um ritual horrível e cruel que o enche de prazer, fazendo com que muitas vezes se masturbe ao se lembrar do assassinato.


Mas Harper começa a perder o controle de suas ações brincando de passear pelo século XX e tomando decisões imprudentes. Esse pecado acaba lhe custando muito caro, pois Kirby Mazrachi, uma de suas garotas, sobreviveu, por muito pouco, ao ataque brutal e alguns anos depois está decidida a fazer com que o homem que tentou matá-la pague por esse crime. A moça contará com a ajuda do ex-repórter policial Dan Velasquez (com quem rola um romance meio desnecessário, já que é muito pouco explorado), que cobrira seu caso. Kirby faz uma busca profunda e encontra evidências em que ninguém poderia acreditar, tendo, por isso, muita dificuldade em associar as pistas decifradas, já que elas são muito desconexas umas das outras, pelo fato de Harper ter o tempo a seu favor. Passado, presente e futuro se misturam de uma maneira inexplicável e somente no final do livro algumas perguntas são respondidas.


Achei interessante o fato de a personalidade do serial killer ser bastante explorada ao longo do livro. Os capítulos são iniciados com a data em que serão narrados e com o nome do personagem cuja visão será analisada. São divididos entre Harper, que aparece na maior parte dos capítulos, suas vítimas, Kirby, Dan e um viciado que observa os passos do assassino e que será de grande importância para o desfecho. Desse modo, explora-se bastante a atmosfera psicológica do protagonista, através do discurso indireto livre (narrador-observador onisciente).


O enredo tem tudo para dar um grande livro, certo? Certo. Mas, ao meu ver, a autora cometeu falhas incontáveis e irreparáveis. Para começar, eu simplesmente não conseguia pegar o ritmo da leitura, o que foi acontecer somente pouco depois da metade do livro (demorei mais de um mês para finalizar as 300 páginas). Também não gostei da narrativa da Lauren Beukes; não sei identificar o quê, mas alguma coisa estava me incomodando muito. Além disso, as outras vítimas do Harper são muito pouco exploradas, conhecemos pouquíssimo de suas histórias e logo em seguida elas já são assassinadas. E o que mais contribuiu para a minha decepção é o fato de que algumas coisas são muito confusas e pouco ou nada esclarecidas; várias pontas ficaram sem amarras.


Só comecei a gostar do livro quando chegou na páginas 250, mais ou menos; o final, vale dizer, é realmente muito bom e até me surpreendeu, mas mesmo assim não sei se compensa as demais páginas e a falta de habilidade da autora no decorrer da obra. Eu recomendo a leitura sim, pois acho que outras pessoas podem ter uma visão completamente diferente da minha, e pode até ser que eu tenha sido muito influenciada pela grande dificuldade em adentrar no ritmo do livro. Por isso, recomendo que leiam a resenha feita no blog Biblioteca do Terror, pois a visão ali tratada é o oposto da minha; discordo totalmente da opinião do resenhista! hehe


Sobre a autora: Lauren Beukes nasceu na África do Sul e é autora de romances e graphic novels premiados. Atua também como roteirista de televisão, documentarista e, ocasionalmente, jornalista. Iluminadas é seu quarto livro.


 

 

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E vocês, já leram Iluminadas?? Me contem o que acharam! Se concordam ou discordam de mim.


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1 de julho de 2014

Quem é você, Alasca? - John Green

Nome Original: Looking for Alaska
Editora: Martins Fontes
Páginas: 226
Gênero: Romance / Young Adult
Ano: 2010
ISBN: 978-857827-342-2
Minha Nota: EstrelasEstrelasEstrelasEstrelasEstrelas
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Quem é você, Alasca? foi o primeiro romance escrito pelo autor John Green e, como todos os seus outros livros, trata-se de um YA muito bonitinho que tem como personagem principal um garoto nerd, anti-social, cheio de dificuldades psicológicas e obsessivo por alguma coisa (salvo A Culpa é das Estrelas). Nesse enredo conhecemos Miles Halter, um adolescente que não tem amigos e que é obcecado por últimas palavras, ou seja, pelas últimas coisas que as pessoas dizem antes de morrer, e por isso, adora ler biografias. Miles decide mudar-se para um colégio interno no Alabama, onde seu pai havia estudado, em busca do que o poeta François Rabelais chamou, em seu leito de morte, de  "O Grande Talvez".




"O que significa ser uma pessoa? Qual é a melhor maneira de ser uma pessoa? Como passamos a existir e o que será de nós quando deixarmos de existir? Em suma: quais são as regras deste jogo e qual é a melhor maneira de jogá-lo?"



É em "Culver Creek" que ele, pela primeira vez, fará amigos: Chip Martin, seu colega de quarto mais conhecido por Coronel e Alasca Young, uma garota excêntrica por quem Miles se apaixona imediatamente. Nessa nova fase de sua vida, Miles ganha o apelido de Gordo (ironicamente, por ser muito magro), e é apresentado a um mundo de bebidas, cigarros, sexo e regras quebradas, passando a fazer coisas que nunca antes tinha imaginado que pudesse ser capaz de fazer. Pela primeira vez, ele se sente vivo, se sente diferente e invencível.




"Se as pessoas fossem chuva, eu era garoa e ela, um furacão"



Alasca, apesar de fazer questão de dizer que ama o namorado, vai construindo com o Gordo uma relação bastante forte e, digamos, provocante, o que deixa o garoto cada vez mais confuso e irritado. Ela é uma garota de extremos, misteriosa e imprevisível. Chega a ser bastante (bastante mesmo) irritante por se mostrar egocêntrica demais, ora extremamente alegre e atrevida, ora solitária e mal-humorada (e essas variações são muito recorrentes, não é aquela coisa de simplesmente ter dias bons e dias ruins, é o tempo todo!). Ela conta para Miles que também tem últimas palavras preferidas: "Como sairei deste labirinto?" de Simon Bolívar.




" Passamos a vida inteira no labirinto, perdidos, pensando em como um dia conseguiremos escapar e em quanto será legal. Imaginar esse futuro é o que nos impulsiona para a frente, mas nunca fazemos nada. Simplesmente usamos o futuro para escapar do presente."



Não à toa, o livro é dividido em duas partes de contagens regressivas/progressivas: uma antes do "grande acontecimento" e outra depois do "grande acontecimento". E é esse fato que mudará para sempre a vida de Miles e sua forma de encarar o mundo. E o que a princípio pode parecer mais um grande clichê da vida é genialmente desmembrado pelo incrível John Green. Como sempre, os livros do autor mesmo que direcionados para um público mais jovens, surpreendem a cada página. John tem uma habilidade inegável de prender o leitor, através de uma narrativa cativante e muito verdadeira. Não há aqui qualquer tipo de apelação. O autor sabe do que está falando, e a partir disso constrói personagens bastante reais e cheios de detalhes psicológicos muito importantes para o bom desenvolvimento da trama.


John Green é com certeza um dos meus escritores preferidos por toda sua capacidade de construir narrativas reais, poéticas e deliciosas, mas principalmente, por sempre me fazer acabar com meus post-it com tantas passagens lindíssimas! Têm passagens que são de tirar o fôlego no início da página 177 e nas páginas 224, 225 2 226 (trabalho final do Miles) que eu não vou colocar aqui porque contêm muitos spoilers, mas elas são UAU!


Leitura recomendadíssima! Edição muito bem feita pela Editora Martins Fontes (apesar de eu não gostar de algumas variações do papel Pólen-Soft por ser muito poroso) e capa uma gracinha, mas não a minha preferida (vide Batalha de Capas).


Sobre o autor: “John Green,premiado best-seller do The New York Times, é formado em língua inglesa e estudos religiosos pelo Kenyon College, em Ohio. Nasceu em 1977 em Indiana, onde vive com a mulher e o filho, e ao longo dos anos morou em Nova York, Illinois, Michigan, Flórida e Alabama. Atuou como redator na National Public Radio em Chicaco, foi editor assistente e de produção da revista de resenhas literárias Booklist e assinou críticas de livros para o The New York Times. Personalidade ativa na internet, além do próprio blog, do Twitter e do canal do YouTube Vlogbrothers, John coapresenta os vídeos do projeto “Crash Courses”: canal on-line com aulas gratuitas de história e biologia. Ele autografou todos os 150 mil exemplares da primeira tiragem de A culpa é das estrelas nos Estados Unidos.”


                                                    * * * 


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10 de junho de 2014

A Garota Que Você Deixou Para Trás - Jojo Moyes

Nome Original: The Girl You Left Behind
Editora: Intrínseca
Páginas: 379
Gênero: Romance 
Ano: 2014
ISBN: 978-85-8057-471-5
Minha Nota: EstrelasEstrelasEstrelasEstrelasEstrelas
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A Garota Que Você Deixou Para Trás é um romance delicioso! A história começa em 1916, em meio à Primeira Guerra Mundial em uma cidadezinha da França chamada St Péronne que está sofrendo muito com a invasão alemã: quase não há comida e as casas foram saqueadas pelos invasores, que levaram tudo o que lhes servisse para alguma coisa, até mesmo cobertores.


Sophie Lefèvre é uma moça determinada, autêntica e que outrora fora muito bela, mas que aos poucos perdeu muito do seu encanto, com todo o sofrimento trazido pela Guerra e a ausência de seu marido Édouard Lefèvre que está no front de batalha. Sophie vive agora com seus dois irmãos, Hélène e Aurélien, e os dois sobrinhos, Mimi e Jean. Juntos, eles cuidam do antigo e renomado hotel da família, o Le Coq Rouge, e que é agora uma espécie de bar e ponto de encontro dos moradores da pequena St Péronne, mas que mal pode vender uma xícara de café. Ao mesmo tempo, aguardam infelizes e esperançosas o fim da Guerra, a volta de seus maridos e o momento em que poderão saborear novamente um bom prato de comida.


O novo Kommandant alemão que está no comando da ocupação demonstra desde o início muito respeito e admiração por Madame Lefèvre, tratando-a cordialmente, mas não esconde também os indícios de sua afeição por ela. Além disso, requer o Le Coq Rouge como o restaurante oficial dos soldados alemães, o que obriga Sophie e Hélene a cozinharem para eles todas as noites. Esse fato, muito embora tenha  algumas vantagens às duas irmãs, como o acesso a boa comida, também lhes causou muitos falatórios entre os habitantes e frequentadores do hotel que as viam como traidoras.


Sophie e Herr Kommandant se tornam quase amigos, se é que posso chamar assim. Ele fica fascinado pelo retrato da moça, pintado por Edóuard, que é um pintor muito peculiar, e sempre comenta detalhes técnicos da obra, revelando-se um entendedor das artes. Mas em meio a tantas atribulações e sofrimentos, desesperada para reencontrar o marido e vendo-se encurralada pelo Kommandant, Sophie toma uma decisão que irá mudar seu destino e o de sua família para sempre, tendo seus efeitos repercutidos muitas e muitas décadas mais tarde.




Cheguei mais perto e examinei meu rosto: as sombras embaixo dos olhos, os leves vincos entre as sobrancelhas. Estremeci, mas não de frio. Pensei na garota que Édouard deixara para trás havia dois anos.



Estamos agora em Londres, no ano de 2006. Liv Halston é uma mulher tímida e reservada e que há quatro anos vive em profundo luto pela morte de seu marido David, um renomado arquiteto. Ela vive sozinha na Casa de Vidro, uma casa ultramoderna idealizada por David, imersa na própria solidão e sem perspectivas; o único prazer que se permite é caminhar todas as manhãs. A única coisa que lhe restou foi o belíssimo quadro A Garota que Você Deixou Para Trás, um presente que ganhou do marido durante a lua de mel. Liv adora passar seus dias em companhia d´A Garota - como ela gosta de se referir à pintura - e admirando seus longos cabelos ruivos e sua expressão ousada e sensual.


Completamente ao acaso, ela conhece Paul McCafferty, um ex-policial encantador e cheio de charme que muito mexeu com os sentimentos dela. Logo, eles começam a se conhecer melhor e a se ver com frequência. Mas, por ironia do destino, Paul trabalha em uma agência que se dedica a recuperar obras de arte que foram saqueadas durante a Primeira Guerra Mundial, e entre elas está A Garota, valendo uma fortuna e sendo reivindicada pela família Lefèvre.


Liv se sente perdendo o chão mais uma vez. Agora ela terá de tomar a mais importante decisão de sua vida: escolher entre Paul e A Garota, sua mais linda e preciosa lembrança de David.


Separados por quase um século, os destinos de Sophie e Liv se chocam de maneira surpreendente e avassaladora.


Jojo Moyes construiu um universo maravilhoso com personagens muito bem articulados. A primeira parte é narrada toda em primeira pessoa e com uma riqueza de detalhes impressionante. Já a segunda parte é narrada em terceira pessoa, mas igualmente deslumbrante. A escrita da autora nos faz querer devorar o livro, tentando montar o quebra-cabeça criado por ela e entender o que houve não somente com o quadro, mas com as pessoas que estão envolvidas nessa história. E é aos poucos, com muita maestria, que Jojo nos conduz à resolução desse quebra-cabeça, amarrando todas as pontas da trama de modo a nos tirar o fôlego!


Adorei o livro e recomendo muitíssimo a leitura, principalmente aos românticos incuráveis que, como eu, não dispensam um bom romance (ainda mais com uma dose de mistério) hehe. Já fiquei fã da autora e estou louca para ler Como Eu Era Antes de Você.


* * *



Sobre a autora: "Jojo Moyes nasceu em 1969 e cresceu em Londres. Estudou jornalismo e foi correspondente do jornal The Independent por 10 anos. Publicou seu primeiro livro em 2002, e desde então dedica-se integralmente à carreira de escritora. Jojo vive em Essex com o marido e o filho.


 

 
 
 

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